E sexta-feira foi sem dúvida um dos piores dias da minha vida, vi o meu colega de tratamento, exactamente da minha frente a morrer.
O último suspiro, a luta que foi para o reanimar, o inem quando chegou, também lutou e nada.
Foram 40 minutos em que o pessoal da clínica e depois do inem deram tudo por tudo, mas infelizmente sem efeito.
E eu ali de pernas a tremer, lágrimas nos olhos e "amarrada" à máquina sem nada poder fazer.
Foi a primeira vez que vi alguém morrer.
Tenho gravado na minha mente cada segundo daqueles 40 minutos, o último som que fez quando entrou em paragem e quase que tenho a certeza que fui eu a última pessoa que ele viu, ele estava a preparar-se para se levantar, já tinha acabado o tratamento olhou para mim com o ar do costume como quem diz "finalmente fim de semana" e ficou.
No fim antes de vir embora tive tanta vontade de abraçar a equipa da clínica, foram uns heróis, uns verdadeiros heróis, lutaram até ao último segundo, com toda a força e determinação que têm.
Sext-feira não dormi toda a noite, só ouvia o barulho do último respirar, só via a cara dele e as mãos quando caiam na lateral quando era aplicado cada choque.
No sábado tentei deitar-me um pouco ao fim de almoço mas também não consegui fechar os olhos, estava tão cansada, tanto tempo acordada, sem pregar olho, cheguei a pensar que não ia conseguir voltar a fechar os olhos, pois só me vinha aqueles sons e imagens à mente, só me questionava porque? Porque? Porque à minha frente? Porque?
Não sei, deve de ter tido algum significado, Deus sabe o que faz e porque o faz.
Hoje volto à clínica depois de tudo o que aconteceu, sei que vai mexer comigo, afinal estava à minha frente.
Resta-me respirar fundo e tentar ser forte... mais uma vez.
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